Toda vez que saímos do nosso pais e voltamos da esse sentimento de "tamo de volta na mundiça".
Estou de volta ao Brasil a dois dias e não vou negar que é exatamente isso que eu sinto. Uma felicidade imensa misturada com o pensamento " que bom que só vou ficar dois meses". To na fila do Detran pra dar entrada na minha carteira de motorista (que por sinal vou enlouquecer todo mundo pra que ela saia em dois meses).
A palhaçada de Orgao Publico no Brasil começa do lado de fora. Cheguei, perguntei o que era preciso pra dar entrada na Carteira de Habilitação. A moça da recepção me mandou preencher uma ficha e apresentar Carteira de Identidade, CPF e comprovante de residência. Preenchi a ficha, entreguei a carteira e o CPF mas disse que não tinha um comprovante. Ela tirou de baixo do balcão um papel perguntando meu endereço e minhas ocupações. Disse a moça que isso resolveria. (Ainda perguntam quais são as falhas de segurança na emissão de documentos neste pais)
Entrei, peguei minha ficha de numero 178 enquanto o painel indicava a vez de alguém que provavelmente estava esperando a um bom tempo com uma ficha de numero 156. Cadeira furada, um calor insuportável, mais ou menos umas 40 pessoas sentadas, cinco guichés com apenas 3 atendentes e um ajudante sentado no meio de todo mundo.
Ao meu lado esquerdo, um senhor ja de idade, vestido humildemente e calçando legitimas havaianas brancas de tiras azuis, daquelas que se encontra na praia.
Ao meu lado direito, uma senhora reclamando que teria que fazer aulas novamente para poder renovar a carteira e que não tinha mais paciência pra estar em uma sala de aula, aprendendo leis de transito ja que ela dirige a mais de 30 anos. "Deveriam mandar fazer aula os irresponsáveis que dirigem bêbados ou os delinquentes que não prestam atençao ao que fazem, não a mim, pobre senhora que tenho que cuidar da minha casa e não tenho tempo pra ficar dentro de sala de aula". Ela queria a minha aprovação e eu soh concordei com a cabeça.
Continuou reclamando por mais uns 10 minutos e eu ja estava prestando atençao numa senhora que chegou um pouco depois e se dirigiu ao senhor que estava sentado no meio de todos.
Ela falava baixo, li em seus lábios um "por favor senhor! eu preciso resolver isso logo!"
A resposta do senhor? Mais brasileira impossível: "espera um pouco que eu vou dar um jeitinho pra senhora".
Ainda bem que a reclamona do meu lado não viu esta palhaçada, senão eu teria que ouvir mais 15 minutos de reclamação porque a mulher do favorzinho passou na frente dela (e de todos os outros por sinal, incluindo eu).
Finalmente chegou minha vez, me dirigi ao balcão e a atendente pediu desculpas e disse que ia la dentro por um instante "é que acabaram de passar um cafézinho e o pão chegou da padaria agora, se eu não for, vou perder os dois". Eu tava achando tudo tão fascinantemente brasileiro que não ousei negar nada a ela, na verdade eu tava quase pedido um pouco do café e do pão, mas deixei pra la.
Ela voltou sorridente com o cafézinho ainda na mão e toda suja de migalhas de pão. Perguntou meus dados, pegou meus documentos, deu o valor e pedi pra eu me dirigir ao caixa. Fui la, paguei, voltei, tirei uma foto horrorosa e fui fazer o psicoteste e o exame de vista. O exame de vista foi super legal... errei 2 letras na primeira e não enxerguei nada na segunda, fui aprovada. O psicoteste foi bacana, cheio de tracinhos pra desenhar, placas pra marcar, besteiras pra fazer e dois na minha sala foram reprovados.
Ao sair, a instrutora me chamou, me devolveu meus documentos, me parabenizou dizendo que eu tinha sido aprovada. Disse que poderia me dirigir a uma auto escola apenas com o numero do meu CPF que tudo ja estava cadastrado no sistema.
Saio do Detran com papéis na mão, autorização para as aulas teóricas de direçao, uma conta paga e com a certeza de que estou de volta ao meu Brasil!
escrito em 21/07/09
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