Quando eu nasci eu chorei, mamei um mes, morava na casa da minha avo, meu irmao me pegou no colo pela primeira vez e se sentiu bem por isso (da pra ver pela foto).
No meu primeiro ano eu comecei a andar (no dia da festa), tinha olhos grandes e cabelo encaracolado, era branca, muito branca.
Nao me recordo de nada que se passou no meu segundo ano.
No terceiro, joguei minhas chupetas pela varanda do prédio em que moravamos eu, minha mae e meu irmao. Me senti corajosa e vencedora pela primeira vez.
No quarto ano tive uma festa de aniversario muito supimpa. Eu era cinderela, tinham dois palhaços, lancheirinhas, decoraçao, e uma bexiga com a qual passei a noite inteira dançando. Tirei fotos e sorri meigamente. Ganhei um short rosa de flanela que cabe em mim até hoje. Ok. Cabia até dois anos atras, quando tinha uns 10 kg a menos. Mas durou uns 15 anos.
Nao me recordo de nada que se passou no meu quinto ano.
No sexto, tive uma festa de aniversario de chapéuzinho, na qual me lembro de como corri brincando de esconde-esconde com meu avo. Acho que foi uma das ultimas vezes em que brincamos de esconde-esconde. Ou de qualquer outra coisa.
Neste mesmo ano, lembro de estar na mala da belina que meu avo tinha com meu irmao e meus dois primos. Cantavamos musicas de Mamonas Assassinas.
No meu sexto ano tinha muitas amigas, pois morava ja no Walfredo Gurgel, prédio no Barro Vermelho em Natal. Lembro de Janaina, que era filha da cozinheira do 4° andar, lembo de Ingrid que morava no 7° e eu morava no sexto. Tinha também um visinha chamada Danique que era um pouco mais nova que eu, que brincava muito comigo, mas que sempre vinha me chamar quando eu tava curtindo meu momento de singularidade. Ja gostava de estar um tanto sozinha nessa idade.
Aos 7 anos senti a primeira inveja sem fundamento da vida. Desejei a coleçao de barbie da minha amiga Ingrid e por isso criei uma certa raiva dela, por ela ser tao cheia dessas coisas todas e nao querer dividir. Passou, nao senti nada de ruim, nao fui infeliz por nao ter a linda casa da Barbie que ela tinha e nem o Ken mais novo das Lojas Americanas.
No meu aniversario ainda de 7 anos, ganhei minha primeira bicicleta sem rodinha. Era um caloi roxa, em que soh vim aprender a andar aos 10. Ganhei também meu primeiro CD de Sandy e Junior, com o qual aprendi a sofrer por amor, sem saber o que isso era exatamente.
Aos 8 fiquei muito feliz por ter mudado pra uma casa. Tinha um quarto soh pra mim e poderia parar de acordar com o quarto fedendo ao xixi que meu irmao fazia na cama.
Tinha também o meu banheiro entao acabaram-se as brigas de "voce toma banho primeiro, nao, voce, nao , voce..."
Morava longe, ninguém queria ir brincar comigo la.
Aos 10 tive outra super festa! Dessa vez todo mundo saiu de Natal e foi pra o San Vale curtir a tarde com karaoke, palhaços, banho de piscina, churrasco, algodao doce, mini-pizza, etc. Foi radical. Coloquei aparelho no final do ano, o que marcou minha fisionomia até os 17.
Aos 11 comecei a estudar pela manha e me achava usando a calça do uniforme da escola. Nao podia brincar de menina-pega-menino na maioria das vezes porque ja era mocinha desde o final dos 10 anos. E morria de vergonha disso. Mentia. Dizendo que tava doente. Até sai da nataçao por causa disso. E da sinusite. era uma boa nadadora.
Aos 12 me apaixonei de verdade pela primeira vez. Entrava no scoop-script e no patricinhas pra ficar conversando pela internet. Convencia meus pais a irem pro "sobre ondas" bar de ponta negra em que tinham internet de graça. Ficava la no site do fa-clube de Sandy e Junior.
Aos 13 tive meu primeiro namorado. E o primeiro grupo de amigas, ao qual sou ligada até hoje. As pessoas começaram a olhar pra mim diferente, reconheceram em mim uma boa pessoa e achavam o meu papo adulto demais pra minha idade. Tirei nota abaixo de 7 pela primeira vez, mas passei por média.
Aos 14 eu vivia vida de verdade. Fui pra o meu primeiro show, com meus pais no camarote, mas eu tava la. Me sentia crescendo, finalmente. Vivi minha primeira decepçao amorosa. Chorei e sofri, mas passou e superei.
Aos 15 tive a terceira festa que marcara minha vida, paguei a entrada de uns 50 penetras e pesava 50 kg depois de uma dieta em que emagreci 10 kg em dois meses. Clareei meu cabelo e comecei um namoro que duraria mais de um ano.
Aos 16 estudei pra valer, fortaleci amizades, meu namoro acabou, coloquei na cabeça que queria vir pra França.
Aos 17 estava de malas prontas pra vir pra ca pela primeira vez e muita coisa na cabeça. Vim, fiz o que eu queria. Viajei, estudei, conheci muita coisa e culturas. Construi a realizaçao do meu maior sonho.
Aos 18, estou aqui, morando sozinha num apartamento de 19m² num bairro calmo da quarta maior cidade da França. Descobrindo a cada dia como se vive. Pulando etapas e crescendo aceleradamente. Posso dizer, com todas as letras que estou vivendo e aprendendo o que todos esses anos esboçados aqui de minha vida nao me ensinaram.
Sou tao feliz quanto no dia em que nasci e chorei, quanto quando ganhei minha bicicleta e nao sabia andar, quanto quando aos 7 larguei a mamadeira (mesmo sem ter citado isso).
As vezes ainda pareço a criança de olhos grandes, branca por demais que vivia de calcinha dentro de casa, com os cabelos encaracolados (que largaram esta forma quando, aos 6, minha querida tia cortou meus cabelos e eles ficaram lisos). As vezes ainda penso que estou apaixonada como aos 12, que to sofrendo como aos 14. As vezes sinto que a vida é um ciclo de sentimentos e emoçoes, as vezes acho que falo demais.
Mas é assim mesmo, a historia vai se formando, a gente vai vivendo e cantando.
"oh I'm living the time of my life"....
Isa, vc já eh uma mulher..linda, estudiosa, amável, amiga, boa filha e irmã..orgulho-me mto de vc.
ResponderExcluirMorro de saudadeess!! Agora acho q terei de viajar p te encontrar né?! kkk
Bjss.
Andreza